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Arthur Ituassu

A crise do conservadorismo no Brasil


Recentemente, a revista The Economist publicou o artigo “The global crisis in conservative”. O artigo foi traduzido como "A crise global do conservadorismo" pelo Estado de S. Paulo e comentado por João Pereira Coutinho, em “A doença das ideologias”, na Folha de S. Paulo. O texto faz uma crítica contundente ao caminho conservador rumo aos regimes populistas contemporâneos e cai como uma luva sobre o atual conservadorismo brasileiro. O artigo britânico diz, em suma, que a crise não é do liberalismo ou da democracia liberal. A crise é, na verdade, do conservadorismo. “A nova direita não é uma evolução do conservadorismo, mas um repúdio à tradição conservadora".

Por exemplo, conservadores são (ou sempre foram) pragmáticos. Capazes de tomar decisões “sem ideologia”. Há pouco tempo, esta era uma das mais duras críticas feitas aos governos PT. Estaríamos tomando decisões “sem ideologia” nas Relações Exteriores, na Educação, na Cultura, nos Direitos Humanos ou no Meio Ambiente neste momento, com um governo conservador no poder?

Conservadores, supostamente, não gostam de mudanças, e é irônico que um dos partidos conservadores hoje no Brasil se chama “Partido Novo”. No mesmo sentido, o governo Bolsonaro veio para fazer, como prometeu, a “nova política”.

Conservadores sempre foram receosos de líderes carismáticos e cultos personalísticos, mas Jair Bolsonaro ganhou a pecha de “mito”, chamando-se “Messias” em grandes cultos evangélicos. Entre outras coisas, a chamada “nova direita” deixou para trás o caráter inclusivo do conservadorismo, a noção de que fazer parte de uma nação, uma igreja, uma família, uma comunidade é o caminho para o bem comum. A solução conservadora (na política interna) sempre foi a inclusão, por meio dessas instituições sociais. Por fim, e aí está uma chave importante do contexto brasileiro, conservadores sempre foram ortodoxos nos negócios e na política econômica – “prosperity underpins everything”. Essa é a promessa de Paulo Guedes. O mesmo ponto no qual o trabalhismo brasileiro mostrou, ao menos no governo Dilma, que ainda não aprendeu a lição básica da democracia de mercado: com a economia não se brinca.

(Foto: Agência Brasil)


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